"Existe algum risco em relação a expansão do
Universo?"
Bem... Que o Universo está em expansão nós já sabemos. Na
verdade, ele sempre esteve, mas só descobrimos isso há mais ou menos um século,
pois até então o processo era lentíssimo, imperceptível. A expansão do Universo
é uma consequência do Big Bang, a grande explosão que originou o Cosmos; logo,
o Universo expande-se desde que surgiu, porém nos últimos tempos essa
"inflação" tem ocorrido em ritmo bem mais acelerado e aparente. Ano
passado, três cientistas ganharam o Prêmio Nobel de Física com seus estudos
sobre a expansão do Universo, adquiridos com observações constantes de
Supernovas. As estrelas explodem quando chegam ao final de sua vida, e baseados
nessas explosões, afirmaram que o Universo está inflando cada vez mais rápido;
pois a luz emitida pelas supernovas está cada vez mais distante de nós.
Estes cientistas também apresentaram riscos que o Universo
corre se continuar crescendo: o "Big Rip", grande rasgo, em inglês,
um tipo de morte cósmica onde galáxias, estrelas e até os próprios átomos
seriam dilacerados; ou um tipo de "nova era glacial": O Universo se
inflaria tanto, tanto, que ficaria "distante" das fontes de luz e
energia, tais fontes se dispersariam e um frio intenso e rigoroso tomaria conta
de toda a imensidão.
Mas, de acordo com um grupo de cientistas brasileiros, essa
teoria é um bocado exagerada. Seus estudos indicam que a expansão começará a
frear daqui aproximadamente 6 bilhões de anos, e o fim catastrófico sugerido
pelos cientistas norte-americanos seria substituído por um fim lento e
tranquilo.
-O que refuta a teoria do suposto fim catastrófico é imaginar
que o Universo se expandirá para sempre. "Se isso acontecer, você acaba
tendo um horizonte de eventos futuros, previsíveis, ou mesmo uma
singularidade", diz Alcaniz.
"Singularidade" refere-se a uma situação em que as
leis do cosmos simplesmente não valem mais - na singularidade de um buraco
negro, por exemplo, a gravidade e a pressão seriam infinitas. A maioria dos
físicos rejeita a existência da singularidade, pois se tudo no mundo real fosse
determinado, infinito, irrefutável, inquestionável, o Universo não faria mais
sentido.
Em particular, a chamada teoria das cordas - hoje a
principal candidata a explicar todos os fenômenos cósmicos de maneira coerente
- não poderia ser formulada se a expansão desenfreada do Universo realmente
desembocasse num horizonte de eventos.
Alcaniz e seus colegas escaparam do dilema conciliando as
observações sobre a expansão com o conceito de campo escalar. O lado
interessante do campo escalar é que ele é dinâmico, "evolui ao longo do
tempo e do espaço na histórica cósmica", explica o pesquisador.
"Nesse contexto, a expansão teria sido desacelerada no
passado, teria começado a acelerar há 5 bilhões de anos e, daqui a 6 "Daqui
a alguns poucos anos, é possível que nós já tenhamos dados para descartar ou
confirmar essa proposta. “Para isso, ainda é preciso melhorar a precisão das
medições de fenômenos como as explosões de supernovas, a radiação cósmica de
fundo (o “eco” da explosão que criou o Universo) e a estrutura dos aglomerados
de galáxias”, afirma o cosmologo Jailson Alcaniz, coordenador do estudo.
A explicação para o processo de expansão foi proposta com
base na existência de energia escura, que exerceria força contrária a da
gravidade e ao invés de atrair, afastaria as coisas.
Dessa forma, o risco de um "Big Rip" seria
afastado. Ao invés de ser feito em pedacinhos no fim de sua história, o
Universo continuaria a se expandir, mas num ritmo cada vez mais lento,
tornando-se, pouco a pouco, mais rarefeito e mais frio e morrendo suavemente.
"É um final como o que imaginávamos antigamente para o
cosmos", resume Alcaniz.
Hoje, tanto o modelo do "Big Rip" quanto o do
grupo podem explicar as observações astronômicas. Só medições mais precisas é
que poderão mostrar quem está com a razão. Bilhões de anos, pararia de acelerar
de novo", diz ele.
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